O telefonema entre o presidente Lula e o líder francês Emmanuel Macron figura entre os destaques da imprensa francesa na manhã desta sexta-feira (27). Os jornais Le Figaro e 20 Minutos, assim como o site da revista Marianne, resumem a conversa reproduzindo o tuíte de Macron. O chefe de Estado afirma ter reiterado “o apoio da França após os ataques à democracia brasileira”.
“Reafirmamos nossa determinação de agir em prol do clima, da biodiversidade, de nossas florestas e contra a fome. Vamos vencer estes desafios”, completou Macron, que desde a última campanha presidencial tem publicado seus tuítes em francês e português.
A conversa por telefone ocorrida nesta quinta-feira (26) durou mais de uma hora. Macron ratificou o apoio da França ao Brasil após a invasão das sedes dos três poderes em Brasília, em 8 de janeiro, por milhares de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro, que exigiam a queda de Lula.
Os presidentes discutiram os esforços para combater as mudanças climáticas, pauta considerada prioritária pelos dois governos. Lula convidou Macron para visitar o Brasil e participar da cúpula dos países da Amazônia, que o Planalto pretende organizar nos próximos meses, visto que a Guiana Francesa é um dos territórios amazônicos.
Por sua vez, Macron incitou Lula a participar do “One Forest Summit”, que acontecerá no Gabão no início de março. O petista ainda convidou Macron para conhecer o estaleiro no Rio de Janeiro onde está sendo construído um submarino movido a energia nuclear, fruto da cooperação entre os dois países.
“Paz entre Rússia e Ucrânia”
De acordo com comunicado da presidência brasileira, os dois líderes ainda discutiram as negociações em andamento para selar o acordo Mercosul-União Europeia e a “urgência” de buscar a paz entre Rússia e Ucrânia, países em conflito desde fevereiro de 2022.
Por diversas razões, a eleição do petista foi recebida como um alívio na França. Macron e Bolsonaro tiveram relações execráveis, principalmente devido à forma como o ex-presidente brasileiro lidou com a proteção da Amazônia, um recurso-chave na esforço internacional para deter as mudanças climáticas.
Em outubro de 2019, Macron estimou, em entrevista, que teriam ocorrido “sem dúvida, dois ou três mal-entendidos” com Bolsonaro: a questão do desmatamento, incluindo mentiras ditas pelo brasileiro sobre o Acordo de Paris, o cancelamento de última hora de um encontro com o então chanceler Jean-Yves Le Drian, durante uma visita do francês a Brasília, e insultos proferidos por Bolsonaro e membros do governo de extrema direita sobre a aparência física da primeira-dama francesa, Brigitte Macron.